quinta-feira, 7 de abril de 2011

Teatro da Vida

 
 
Mais um dia nesse imenso teatro
Que chamamos vida
Mais uma peça representada
No pequeno palco do tempo

Pegue os figurinos, vista-se
Hoje é dia de espetáculo
Prepare a maquiagem, use-a
Nada pode sair errado

Vamos, vista-se logo
Hoje é dia de representar um pai
Amoroso para sua esposa quando todos olham
E um carrasco fora da luz dos flashes

Não perca tempo, corra ao guarda-roupa
Também é dia de representar um filho
Educado e prestativo para os estranhos
Mas a réplica de um touro raivoso para seus pais

Amizades falsas, fingidas
Amores comprados
Um corpo leiloado
E vendido pelo melhor preço

Mais um dia nesse espetáculo
Que chamamos existência
Os anos são os atos
Os dias são as cenas

Não importa o quão vazias
Não importa o quão fúteis
Afinal, o importante é alegrar a platéia
Custe o preço que custar

Quedas disfarçadas
Defeitos eximiamente maquiados
Erros pintados como palhaços
A verdade coberta de lantejoulas

Debaixo das bolsas de couro
Das malas com dinheiros
Carros importados e cartões de créditos
Onde está o ator?

Não há vagas para os fracos
Ou para atores ruins
Muito menos para os honrados
Os justos, simples ou simplesmente verdadeiros

Mas, que mal se pergunte:
Quem nunca atuou?
Para os amigos, a família, a igreja
Quem nunca se maquiou?

Para esconder um deslize
Ou a possibilidade de um escândalo
Para ocular amores proibidos
Ou desejos desenfreados?

Que mal se pergunte outra vez:
Quem nunca fingiu?
Quem nunca mentiu?
Quem nunca chorou?

A palavra de ordem é esconder:
Quem sou, quem fui e quem quero ser
Vestir as roupas do que acham certo
E com elas, os adornos do aceitável

No meio de tantos mentirosos,
De meias-verdades
De tantos atores que os filmes perdem
A vida continua, a peça se prolonga

Porque o show vai sempre continuar
O show tem que continar
Não importa quantos figurinos se use
O show precisa continuar

Caio Blackwell
http://fotocache02.stormap.sapo.pt/fotostore01/fotos//48/0d/23/4875666_nQkMo.gif

Nenhum comentário:

Postar um comentário