Eu gostava de estar rica de alguma coisa.
Já no final da infância, tive um alumbramento,
fiquei tomada de espanto:
eu era a pessoa mais feliz do mundo!
Um mistério soberbo invadia meus dias
e, por ser a agraciada, em algum momento
me convocariam a um ato grandioso:
ou trabalhar mais do que todos ou morrer de repente.
No cume da adolescência, meu espanto foi outro,
mais pesaroso e de igual comoção:
eu era a mais sofredora dos mortais!
O que me esperava, o prometido, estava muito distante:
só os anjos me amavam, mas não podiam me escutar.
Com os anos, fui me desabitando de felicidade
e sofrimento e ocupando do trânsito incansável
entre o de dentro e o de fora,
da sagração rotineira das coisas.
Hoje estou rica de mundos.
Porque estou aqui e me transporto.
Tudo presente e espera.
De Raiça Bomfim
Este poema é Raiça Bomfim que é baiana e um orgulho para mim!!!!
ResponderExcluirÉ com o maior carinho que posto aqui em meu blog!
O blog dela para quem quiser seguir é Maínha me deu lápis